A hipertermia é uma “doença” caracterizada pela elevação da temperatura
corporal quando o organismo produz (febre) ou absorve mais calor do que consegue
dissipar. Considerada uma emergência médica que necessita de tratamento de
imediato para evitar complicações, inclusive risco de morte.
A hipertermia pode ser causada tanto por fatores externos, como a comum
exposição ao sol, até a permanência banhos de banheira muito quentes por longo
tempo ou por fatores internos, em virtude de alguma doença.
No esporte, os ambientes quentes são prejudiciais ao desempenho físico e à
saúde dos atletas e é fundamental reconhecer os sinais e os sintomas dos problemas
médicos provocados pelo calor. Para os atletas, descansar adequadamente, manter o
peso corporal e os níveis ótimos de hidratação, além de um conhecimento leigo
adequado dos problemas relacionados ao calor, pode reduzir bastante o risco.
O nosso organismo tem mecanismos de controle da temperatura que
permanecem inalterados na hipertermia, ao contrário do que ocorre na febre e as
temperaturas corporais mais altas mas até os 40 °C não representam grave risco.
No entanto temperaturas superiores a 41 °C podem provocar os sintomas e
sinais que avisam da situação grave: convulsões, confusão mental e outras
complicações como a sequencia: intensa sudorese inicial seguida de severa
desidratação, que deixa a pele paradoxalmente seca e sem sudorese, o que não
permite a perda de calor, levando a uma hipertermia grave. A cessação de
movimentos do corpo indica que a vítima deve ser hospitalizada de imediato.
O calor provoca em 75% das vezes cãibras e os 25% restantes uma
combinação de insolação, exaustão além da perigosa hiponatremia (queda da
quantidade de sódio no sangue) durante a prática esportiva. Em geral isso acontece
pela ingestão excessiva apenas de água ao invés de isotônicos, e as consequências
podem ser catastróficas se não forem reconhecidas e tratadas apropriadamente.
No tratamento rápido para controlar a hipertermia usamos o resfriamento
mecânico do corpo (as piscinas de plástico e lona, comuns nas chegadas das corridas
de rua), emergindo a vítima em água morna ou fria, ventilação dirigida para o paciente
ou ar refrigerado, remoção das roupas, rápida infusão intravenosa de soro frio e
lavagem gástrica com soro fisiológico gelado.
Um fato auspicioso no esporte é que temos, no Brasil, onde temperaturas muito
altas podem significar maior risco de problemas médicos, um equipamento para a
medida do clima do local de evento esportivo, como por exemplo, num jogo de futebol
o aparelho vai analisar a temperatura, umidade, velocidade do vento, ângulo do sol e
cobertura de nuvens – ele é conhecido como “wet bulb globe temperature (WBGT)”
– Assim se sabe tecnicamente quando deve haver uma pausa de um jogo, para se
evitar algum problema médico do calor entre jogadores, juízes e outros.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
#nabilghorayeb #drnabil #Ipirangasp #cardiologia #cardioesporte #medicodoesporte