Talvez nunca tenha dado importância aos valores das medidas de pressão um
pouco alteradas e dos resultados dos seus exames só um pouco alterados.
Faz parte dos hábitos culturais dos povos latinos incluindo nós brasileiros,
desvalorizar os resultados de exames de laboratório, e das medidas feitas nas
consultas, se não estiverem muito alteradas. Se a medida da pressão arterial estiver
pouco aumentada, exemplo 145 x 90, quando o normal é 120 x 80 até os 60 anos e
depois dessa idade até 140 x 85 se não tiver alterados coração e rins. Considerações
iguais de desvalorização dos resultados ocorre também nos resultados da glicemia, do
colesterol, dos triglicérides etc. muitas vezes não valorizadas também por médicos de
outras especialidades. Na pratica esportiva de esportes aeróbicos como a corrida, a
natação, o ciclismo como nos esportes do tipo anaeróbicos, seja de lazer, seja de
amador ou de profissional, o alerta deve ser dado.
Os casos ocorridos de eventos médicos de todos os graus de gravidade, até à
parada cardíaca, nos estudos “a posterior” para se descobrir o que aconteceu e qual
foi a causa, alguns sinais e resultados de exames chamaram a atenção. Todos os
acontecimentos foram precedidos de “algum aviso” não valorizado. Todos os que
tiveram, por exemplo, o infarto como problema, tinham algum exame só um
pouquinho alterado! Sua pressão só um pouquinho elevada! Disseram que ao
correr “senti dores muito leves no peito, mal estar diferente e sem importância e falta
de ar leve ou só uma tontura boba passageira”. Ainda muitos dizem que nunca
sentiram nada de importância e assim por diante. Pesquisa realizada na Inglaterra,
pelo Dr RJ Northcote, reviu 60 mortes súbitas ocorridas em um ano, entre 2,5 a 3
milhões de jogadores de squash, e descobriu que todos tiveram leves sintomas
prévios (chamados de pródromos) e que foram desvalorizados por todos eles. No
Brasil, atletas e esportistas ativos que tiveram problemas cardiovasculares tinham
também exames só levemente alterados, mas não valorizados.
Na verdade mesmo que incomuns situações médicas não acontecem do nada,
os chamados Fatores de Risco não totalmente controlados deixam uma brecha de
acontecer algo durante um esporte ou mesmo exercício físico por mais inocente que
ele seja. Ninguém deve imaginar que não vai acontecer nada, tendo algo errado nos
exames ou na saúde, mesmo que seja “só um pouco ou muito leve”. Não podemos,
como médicos, adivinhar nada, mas as pesquisas provam que mais dia menos dia,
algo pode acontecer se as anormalidades forem desvalorizadas e não resolvidas
totalmente.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
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