A fibrilação atrial é uma arritmia, ou seja, uma irregularidade dos batimentos
cardíacos causados pela falta de sincronismo da contração das cavidades superiores
do coração, os átrios direito e esquerdo do coração que apenas tremem ao invés de
se contraírem. Na verdade batem de forma mais rápida e irregular que o normal e a
isso damos o nome de fibrilação atrial.
Embora comumente associada a doenças cardiovasculares e algumas outras
como hipertireoidismo e outras doenças, a fibrilação atrial recentemente se descobriu
que pode também ocorrer em indivíduos sadios, sem nenhuma doença conhecida.
Essa complicação cardíaca foi encontrada em alguns atletas e esportistas
praticantes de exercícios de longa duração, conhecidos como de treinos e provas de
endurance. Em contraste, uma atividade física moderada foi associada a uma
diminuição do risco de fibrilação atrial.
Várias pesquisas, algumas em nosso país, comprovam que a falta de
atividades físicas (típica vida sedentária) aumenta o risco do surgimento de doenças
cardiovasculares, enquanto a vida ativa moderada fisicamente diminui esse risco,
porém o aumento significativo da intensidade e volume dos exercícios físicos, sem
uma planilha progressiva fisiológica, nem o obrigatório controle médico especializado
das alterações habitualmente esperadas, como fazem os atletas de elite, provocaram
um aumento do risco de arritmias e dentre elas o aparecimento da fibrilação atrial com
batimentos cardíacos ao redor de 160 por minuto e muitos tendo a sensação ruim de
forte palpitação, tonturas e falta de ar.
Aumento do aparecimento de fibrilação atrial entre os ex-atletas, os chamados
de máster ou sênior, que apesar do envelhecimento continuam a praticar esportes
intensamente, provocou uma verdadeira polemica entre cardiologistas pela chamada
epidemia de fibrilação atrial, pois algumas pesquisas estão indicando que até 20% dos
idosos acima dos 70 anos irão desenvolver a condição. E embora a idade seja o fator
de risco mais forte para o aparecimento dessa arritmia, os especialistas estão
começando a descobrir outro grupo populacional emergir com uma única causa para
fibrilação atrial: atletas veteranos apaixonados pelas provas de resistência praticadas
intensamente ao longo da vida.
Estudos comparando as taxas de fibrilação atrial entre atletas de longa
distância com grupos controle moderados de mesma idade, descobriram que a
incidência de arritmias é até sete vezes maior nos praticantes de exercícios vigorosos.
Como cardiologistas do esporte, aprendemos a focar alguns os indícios que
nos sugiram o risco de aparecimento desse problema, tais como o aumento do volume
dos átrios e não só o aumento do diâmetro pelo ecocardiograma, presença de fibrose
nos átrios detectados pela ressonância magnética do coração e o registro de “arritmias
supraventriculares” frequentes ao exame de Holter de 24 horas. Por isso
recomendamos que sendo esportista veterano, mesmo sem nada sentir clinicamente,
procure seu cardiologista do esporte para conhecer suas condições cardiovasculares,
antes de seguir na pratica de esportes ou outras atividades físicas mais intensas, com
segurança buscando baixo risco cardiovascular e uma longevidade com boa qualidade
de vida.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
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