Dias atrás na meia maratona de Buenos Aires com mais de 20000
participantes, onde os brasileiros formaram o maior grupo participante estrangeiro,
teve como manchete, infelizmente, duas paradas cardiorrespiratórias, uma delas a do
corredor de 55 anos não foi recuperada e evoluiu para morte súbita. O outro esportista
foi hospitalizado e ainda permanece internado.
Esse fato nos reporta há 10 anos, na maratona de Nova York de 2008, vencida
pelo grande atleta Marilson dos Santos, ocorreram quatro mortes súbitas, sendo uma
delas a de um brasileiro de 58 anos. As quatro tiveram como causa de morte o infarto
agudo do miocárdio e o que chamou a atenção foi a de que esses esportistas
amadores não eram novatos e tinham antecedentes de doenças cardiovasculares e
fatores de risco, infelizmente, não controlados rigorosamente. Chamou a atenção o
fato de que o clima seco e basicamente a temperatura ambiente no momento das
corridas de Buenos Aires e Nova York, estar ao redor de 6 0 a 7 0 C o que para qualquer
esportista novato ou veterano é uma situação de agressão fisiopatológica ao corpo
humano.
Como médico cardiologista e do esporte não recomendo atividades físicas ou
esportivas, para quem não está totalmente adaptado a essas temperaturas e
principalmente aos que tem alguma doença aguda como uma virose ou crônica
mesmo em tratamento regular. Essa opinião dura para alguns, se justifica nos quase
48 anos de Medicina e mais de 40 anos examinando atletas e esportistas e estudando
e escrevendo sobre a pratica esportiva.
Insisto que não se deve diminuir a importância de se fazer periodicamente uma
competente avaliação cardiológica e do esporte, principalmente para provas de
moderada e alta intensidade e obrigatória para as populares modalidades das
academias, compostas de exercícios vigorosos como Crossfit, HITT, Spinning e
algumas lutas onde o risco, mesmo de pessoas aparentemente sadias, não é baixo,
tanto o cardiovascular como o ortopédico.
Se tiver alguma doença em tratamento crônico, procure seu médico cada
quatro e seis meses para saber da evolução da doença, e da necessidade de
mudança dos medicamentos dependendo da modalidade esportiva e de possíveis
riscos de piora num determinado esporte. Por exemplo, praticar alpinismo ou mergulho
tendo hipertensão arterial ou um determinado sopro cardíaco de causa congênita, ter
tido infarto ou angioplastia das coronárias e participar de corridas longas sem uma
detalhada consulta são situações ariscadas e até contraindicadas.
Não conseguiremos atingir o risco zero de problemas médicos nos esportes,
porém, com certeza muitas vidas são, e serão salvas com novos exames e novas
interpretações dos velhos exames, como por exemplo, o simples eletrocardiograma de
esportistas e atletas e como o teste ergométrico sempre feito por médico.
Por fim, a orientação do profissional de educação física é o ponto básico para a
boa pratica de esportes, seja competitivo ou de treinos, para saúde ou lazer e ele irá
orientar para que não se exceder ou errar a prática esportiva.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
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