No recente Simpósio de Medicina do Esporte do HCor, por nós organizado
em SP, a palestrante Dra. Cléa Colombo da cidade de Valinhos-SP, médica e
maratonista nos apresentou interessante palestra que abordou os problemas
médicos que são constatados com frequência nas corridas de rua. Aproveitando a
proximidade da mais famosa corrida de rua do mundo, a nossa São Silvestre, vamos
abordar o tema com ela para o Euatleta.
A corrida de rua é a modalidade esportiva que mais cresce nos últimos anos,
e os dados surpreendem porque o número de corredores de maratona aumenta
cerca de 5% ao ano, estimando-se que atualmente haja cerca de dois milhões de
participantes de maratona por ano em todo o mundo. Na primeira edição da
maratona do Rio de Janeiro em 2003 eram cerca de três mil corredores, neste ano
foram 38 mil.
A maioria dos corredores de maratona em todo mundo encontra-se na faixa
etária entre 35 e 49 anos, sendo aproximadamente 73% do gênero masculino,
compostos por indivíduos de características de performance muito variadas,
completando habitualmente a prova em torno de 04 horas, na realidade são
esportistas de intenções basicamente amadoras recreativas e assim considerados
de baixo risco à saúde.
Contudo nessa faixa etária se encontra um subgrupo composto de pessoas
com objetivos diferentes, buscam defender uma causa ou vencer desafios pessoais,
como por exemplo, sobreviventes de IAM em tratamento clínico, cirúrgico ou de
angioplastia, além de pessoas com outras doenças crônicas, ex-fumantes até os
portadores dos vários tipos de câncer.
Grande parte desses corredores não realizam treinamento especializado e
não têm orientações adequadas sobre dieta, hidratação e cuidados médicos; mas
têm metas individuais e, às vezes, são competitivos entre si, levando inclusive ao
uso de estimulantes e substâncias para tentar melhorar a performance. Este sim é
considerado um grupo de alto risco.
A incidência de parada cardíaca salva durante uma maratona é rara, calcula-
se cerca de 01caso para cada 67000 corredores e de morte súbita de 01 caso para
125000, sendo mais frequente em homens, com idade média de 45 anos, que
constituem exatamente o maior grupo de participantes.
Ainda temos outros grupos: o recreativo, composto por indivíduos que vão
apenas para se divertir fantasiados e com ritmo lento, terminando a prova de
maratona em mais de 05 horas e os atletas de elite profissionais ou esportistas bem
treinados ligados a clubes, que concluem a prova em menos de 03 horas. Estes dois
grupos são considerados de baixo risco para a saúde.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
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