Desde o início do ano, as avaliações pré-temporada feitas, nos mostraram um
perfil de adaptações incríveis, tanto nos atletas profissionais como amadores todos de
alta performance. Como cardiologista e médico do esporte já nos deparamos com
dúvidas que necessitam de mais investigações e exames mais sofisticados. Mesmo
assim surgem fortes discussões médicas, todos querendo deixar sua opinião como a
melhor e definitiva.
Depois de mais de 40 anos examinando esportistas e atletas de todas as idades, e aprendemos muito, e aprendemos que nunca devemos dar um voto final em Medicina.
O maior problema tem sido definir se as alterações são cardiopatias silenciosas
ou adaptações extremas e fisiológicas. Muitas alterações, que alguns médicos
consideraram como um diagnóstico fechado de cardiopatia, após períodos variáveis
de descondicionamento físico ou mesmo novos tratamentos, tiveram modificado o
diagnóstico para encerramento de carreira.
São poucos os casos no Brasil, que encerraram a carreira! Muitas doenças
cardíacas tiveram modificados seu prognóstico porque temos que ter muito cuidado ao
sugerir encerramento de uma profissão esportiva sem certeza absoluta. Evidente que
a Medicina não é matemática nos resultados, mas mesmo baseados na experiência e
nos modernos exames atuais como da ressonância Magnética do Coração e nos
iniciais estudos do genoma humano não atingimos a certeza absoluta nem do risco
zero.
Recentes casos de futebolistas mostraram isso, alguns médicos ao decidir
afastar definitivamente um jogador da sua profissão, se esquecem exatamente disso,
da falta de certeza diagnóstica e cortam uma carreira profissional. A nossa visão
depois de tantos anos e tantos atletas examinados nos mostra que nunca se tem
certeza absoluta do diagnóstico e prognóstico. O médico não é o dono da verdade
absoluta lembremos, em Medicina temos apenas probabilidades, nunca certezas.
Um exemplo marcante, a temida cardiomiopatia hipertrófica no seu estado inicial ou moderado, pode ser totalmente sem sinais e sintomas de complicações naquele momento, sendo seu risco menor de 2% ao ano. Um atleta da NBA anos atrás teve esse diagnóstico e foi afastado da profissão, anos depois entrou com processo de indenização de milhões de dólares contra o médico que o afastou, porque o jogador perdeu a profissão rentável e nunca teve uma complicação ou deterioração cardíaca até aquele momento.
Quero concluir dizendo que o Coração de Atleta que pode aparecer num atleta de ritmo de treinos elevados, as alterações do eletrocardiograma e outros e tem como características a volta ao padrão de coração normal após período de destreinamento ao redor de 90 a 180 dias, porém, caso seja considerado cardiopata assim mesmo devemos aguardar meses para se encerrar sua carreira. Há anos atrás acompanhei um conhecido jogador do da SE Palmeiras, que tinha tido miocardiopatia, outros médicos o afastaram em definitivo, nós porém decidimos destreiná-lo e o acompanhamos até a cura total em 24 meses. Agora joga na principal equipe do México e disputou o mundial interclube em dezembro de 2016.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
#nabilghorayeb #drnabil #Ipirangasp #cardiologia #medicodoesporte #cardioesporte