Voltamos ao tema criança e adolescente e a crescente obesidade detectada na
população jovem brasileira. Os dados do IBGE e o recente posicionamento da
Sociedade Brasileira de Pediatria mostram um retrato grave de obesidade moderada
para severa, que irá evoluir no adulto, na importante doença a obesidade mórbida.
Nos EUA a situação é bem pior e centros médicos multiprofissionais estão sendo
criados para tratar essa condição especialmente nos jovens. De nossa parte, como
cardiologista e médico do esporte entendemos que a verdadeira luta deve começar em
casa, nos hábitos de vida dos pais que devem se manter em uma vida saudável, no
mínimo com esportes e alimentação equilibrada.
As doenças degenerativas começam já nessa faixa de idade, como a
hipertensão arterial e aterosclerose, detectadas nas crianças de hábitos de vida
errados. A disseminada vida informatizada está na nossa frente e dificilmente será
mudada, então devemos colocar regras para seu uso além de obrigatoriamente
deve-se incluir o gosto pelo esporte, procurando tornar essa atividade física algo
lúdico e prazeiroso, já nessa garotada.
A informação e recomendação do pediatra sobre o estado de saúde é
fundamental e se existirem dúvidas cardiovasculares para a pratica esportiva procure
o médico especialista. Nada de “coach” ou terapeutas picaretas sem formação
universitária ou palpiteiros. Entre as centenas de jovens que avaliamos há anos no
Dante Pazzanese e no HCor de SP, encontramos problemas benignos na maioria e
alguns nem tanto, que necessitaram de tratamentos e até afastamentos, essa
quantidade atingiu o total de 21% entre garotos de 07 e 14 anos de idade.
A obesidade infantil não é geração espontânea, se não houver alguma doença
clínica, como etiologia, procurem avaliar os hábitos de vida. Na primeira infância a
alimentação oferecida pelos pais deve ser rígida e bem definida seguindo
fervorosamente todas as recomendações do pediatra, como a de restringir os doces
e açúcares até mais ou menos os dois anos, os terríveis mas saborosos refrigerantes
sempre que possível, devem ser exceções (isotônicos nunca ! aliás como está no
rótulo, são proibidos para crianças) mantendo uma vida equilibrada.
Esportes ou outras atividades físicas devem ser sempre estimuladas, sendo
lógico que os pais deem o exemplo mais importante. Se não há esse “espelho” para a
criança na família perde-se a motivação. Na escola um fato negativo ainda é
frequente, os horários das aulas de educação física não são as mais estimulantes
entre outras dificuldades para serem superadas.
O contraditório é nos EUA, onde o esporte em todos os níveis é valorizado de
modo intenso, mas a alimentação é totalmente descuidada pela família como de
hábito, por isso o problema obesidade é uma epidemia grave.
A combinação de alimentação saudável e esporte é a única para o sucesso da
luta contra a obesidade infanto-juvenil, que caminhará em adultos obesos.
Nada de medicações, o caminho que não é segredo insisto, começa em casa.
Em muitos países discute-se se convém fazer a cirurgia de obesidade mórbida em
jovens muito obesos e virou uma polêmica enorme sobre os perigos dessa intervenção
num adolescente.
Ponha seu (s) filho (s) para “correr” numa boa decisão que trará vida longa e
qualificada no futuro.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
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