O tema continua porque repercutiu intensamente nas mídias sociais, e por
coincidência uma das mais respeitadas revistas de Cardiologia do mundo a JACC de
outubro debate abertamente o assunto.
Em nossa experiência de mais de 40 anos atendendo esportistas atletas
amadores e profissionais concordamos com as outras opiniões especializadas, qual
seja, após um evento cardiológico tão sério como o de um infarto do miocárdio o risco
de que esse fato poderá se repetir em cinco anos não é baixo. Depende do que se
fizer para evitar a recorrência dele.
A recomendação é ser rigoroso na eficiente correção das causas que levaram
ao infarto, como por exemplo, a dos níveis do colesterol ruim (LDL) que devem atingir
a faixa de 50 a 60 mg/dl em poucas semanas (na média em 08 a 12 semanas),
geralmente com medicação específica, pois sabemos que o LDL-colesterol sofre
poucas mudanças só pela atividade física. Manter os níveis de pressão arterial ao
redor de 120 a 140 mm/Hg x 80 a 85 mm/Hg com medicação e alimentação saudável
com pouco sal, usar na quantidade de 02 a 04 gr por dia) e lembrar que bebidas zero
(antigamente chamadas de diet) tem nos adoçantes mais usados o elemento sódio
causador principal da hipertensão arterial.
Controle eficaz do diabete e correção do excesso de peso extra e abandonar o
tabagismo são as necessárias decisões acrescidas de uma das mais esperadas, a de
abandonar a vida sedentária em definitivo. Nessa hora será fundamental a conversa
franca com seu cardiologista para iniciar essa nova fase da vida, a da recuperação do
tempo perdido e reabilitação cardiológica orientada. Ela se inicia logo após o infarto e
pode ser a primeira atividade física regular que fez na vida ou ser o recomeçar de uma
atividade físico-esportiva há muito abandonada ou a que foi feita irregularmente antes
de tudo acontecer.
Como dissemos em artigo anterior, repercutindo o que se recomenda nas
publicações científicas e nos serviços médicos de qualidade brasileiros, os exercícios
mais fáceis como trote e corridas em geral até 10 km são os ideais, porém se se
pretende participar de esportes mais intensos (com mais suor e adrenalina), como
triatlo, ultramaratona, bicicross, natação de mar aberto, lutas marciais, modalidades
como o crossfit e outras modalidades com alto grau de desgaste, não se deve liberar
sem uma profunda avaliação do exame de cateterismo cardíaco (cinecoronariografia),
dos fatores de risco, se eles não estão absolutamente controlados, e se os testes
cardiológicos funcionais (ergométrico e cardiopulmonar) como os de imagens não
apresentam resultados ainda alterados, o que inviabilizará a liberação para essas
intensas modalidades esportivas e de exercícios.
Sem esses cuidados detalhados a velha e aceita caminhada e o trote leve
serão as atividades mais aceitas em geral, como as recomendadas até tudo estar no
que falamos ou seja, na conformidade clínica do baixo risco.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
#nabilghorayeb #drnabil #Ipirangasp #cardiologia #cardioesporte #medicodoesporte