Os altos níveis de aptidão aeróbica se mostraram com menor mortalidade geral
na faixa da meia-idade. Entre os pacientes submetidos ao teste ergométrico para
diagnóstico de doenças, de 1991 a 2014 na famosa Cleveland Clinic, a mortalidade
por todas as causas de morte e uma sobrevida com maior qualidade de vida foi
inversamente relacionada à aptidão cardiorrespiratória sendo menor entre esportistas
e atletas profissionais de elite em comparação aos esportistas e atletas de pior
desempenho, publicado no JAMA Network Open pelos médicos Kyle Mandsager, Wael
Jaber e outros, em outubro 2018.
Resultados de pesquisas anteriores apontaram fortemente para resultados
cardiovasculares adversos, ligados ao exercício vigoroso regular e por isso desafiaram
os benefícios de se exercitar e manter a forma. Assim, o presente estudo serve para
esclarecer que deve haver algo de bom na alta intensidade contrariando as
preocupações médicas.
Um aspecto inédito dessa pesquisa é o fato de ter sido um grande estudo, com
acompanhamento em longo prazo, num grande centro médico, onde foram
demonstrados benefícios progressivos até no atleta muito bem treinado, quando foi
comparado com aquele atleta que apenas treina regularmente. Vale lembrar que essa
pesquisa não desprezou os possíveis efeitos adversos cardiovasculares do excesso
de treinamento, pois faltaram confirmações técnicas dos dados sobre os verdadeiros
hábitos das atividades físicas dos participantes.
Portanto, não se pode excluir que ainda haja algum problema com a alta
intensidade ou seja excesso de treinamento físico, ou seja, o exagero do exercício em
relação ao volume total semanal, que não vai permitir o que é a chave da saúde a
recuperação adequada após o exercício. Vários exercícios intensos seguidos sem a
recuperação recomendada, tem sido culpados por lesões cardíacas inexplicáveis no
miocárdio. Hoje, a Medicina considera a atividade física regular o verdadeiro
medicamento para prevenção da boa saúde. Por isso com essa pesquisa surgiu a
provável recomendação de que devêssemos incentivar nossos pacientes a uma vez
ou duas por semana, praticarem o treinamento intervalado de alta intensidade, o
conhecido HIIT.
Essa pesquisa foi feita entre janeiro de 1991 e dezembro de 2014 e avaliou
122.007 pacientes, com idade média de 53,4 anos e dos quais quase 60% eram do
gênero masculino e deles 13.637 morreram de variadas causas. Os pesquisadores
avaliaram os pacientes que foram submetidos ao teste ergométrico que era suspenso
por algum sintoma cardiovascular. A aptidão cardiorrespiratória foi classificada por
idade e gênero e em grupos de desempenho: baixo, abaixo da média, acima da
média, alto e elite. Os resultados mostraram que um aumento na mortalidade por
todas as causas foi associado à baixa aptidão cardiorrespiratória. Então podemos
concluir que o mais importante risco para a saúde é o sedentarismo que pode ser
combatido com exercícios físicos moderados associados aos mais intensos em dias
específicos, sempre baseado na avaliação médica de qualidade, que inclua o teste
ergométrico diagnóstico, por isso só o feito por médico presente no local do exame e
evitando palpites de quem não é profissional de saúde da área do esporte.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
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