Já se vão muitos anos, algo como 30 a 35 anos, que dissemos uma então
chamada heresia para a época, ou seja, “Esporte Não É Saúde”. Percebemos que, já
na época, esportes de alto nível profissional e mesmo amador competitivo, as lesões
ortopédicas de toda ordem era fato corriqueiro e praticamente comum de todos os
atletas que examinávamos e outros, nem tantos, apresentavam arritmias cardíacas
inexplicáveis.
Essa afirmação muito forte foi baseada nos achados das nossas avaliações de
dezenas de profissionais, de futebol (dos principais times de SP até Seleção
Brasileira), seleções masculina e feminina de basquete, de vôlei, atletismo (cito a
Wanda dos Santos, João do Pulo e outros). Na ocasião o fisiologista do SPFC, o
colunista do euatleta Turíbio Barros, numa reunião soltou uma frase que resumia o
que estávamos observando, “o problema ortopédico que impede a continuação do
treinamento, acaba indiretamente protegendo o coração dos excessos físicos”.
O que temos de realidade hoje em dia é que mesmo com o enorme avanço da
Medicina esportiva e da fisiologia, as lesões ortopédicas com eficientes tratamentos e
rápida reabilitação foram resolvidas, enquanto os problemas cardíacos de esporádicos
aumentaram a sua incidência, devido a uma clara causa, o aumento da intensidade
dos treinamentos e o uso, por muitos atletas amadores, de substâncias proibidas:
termogênicas, estimulantes, hormônios anabolizantes e anti-inflamatórios para as
pretensões de superar limites a qualquer preço, mesmo sem acompanhamento
médico especializado, banalizando sintomas de alertas do corpo, desvalorizando
doenças e até evitando as avaliações médicas pré-participação.
Para obter os benefícios do exercício físico basta praticar as atividades físicas
na intensidade recomendada moderada e regular, porém deixando o esporte de alto
rendimento e modalidades de treinamentos intensos e arriscados:
1-para quem fizer avaliação médica e ser considerado sem nenhuma deficiência física
ou médica.
2-para quem seguir as orientações de um profissional de educação física ou
fisioterapeuta.
3-para quem estiver preparado para parar parcial ou definitivamente por razões
médicas, o fazendo conscientemente.
As noticias da mídia mostram que existem muitos traumas emocionais e
desentendimentos nas decisões de afastamento do esporte, que para muitos é o único
meio de subsistência, e isto preocupa os médicos responsáveis por essa
recomendação, porém devemos deixar claro que o primeiro ponto é a vida, em
segundo lugar a profissão esportiva e o terceiro é ajudar o atleta encontrar o que
fazer...
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte
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